L'âme I

E como um dia qualquer
não menos conturbado que ontem
disse o poeta da noite
que embora a vida passe
renasce ainda, na aurora
a inspiração, minha senhora
esquecida no vale do silício 
do silêncio, do ilícito
que chora pelos entes perdidos
afogados numa vida morta
mas que rasgam a alma com a faca do desespero
sem dar nada em troca.

Óh, meu enredo perdido
o que escreverei agora se não tenho mais a sina
que condena meus pensamentos?
onde será depositado o emblema
das minhas tantas mortes
das minhas falhas por sorte?
e a navalha que fadou o cadáver, meu amigo
agora já esquecido
é a mesma navalha que toca meus lábios
que açoita meu corpo dormente
doente de tantas injúrias
meu corpo intermitente
que clama pela loucura
de escrever com a mente.

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