Desculpe o transtorno, preciso falar sobre mim

É mais fácil quando as pessoas falam, porque você escuta e aceita, mesmo que não concorde. Vez ou outra até pensa que não é isso ou aquilo, mas já está tão acostumado a ser pros outros que acaba deixando de ser pra si mesmo.

Eu não sou uma pessoa de meias palavras, ou são textos ou silêncios - raramente silêncio. Gosto de coisas bem explicadas, bem definidas. Palavras completas, discussões encerradas porque não há nada mais a se argumentar, mas falta algo. Sempre falta algo porque somos pessoas falhas, porque erramos e nem sempre conseguimos voltar atrás, porque a vida segue e não espera a gente aprender com os erros, a gente aprende porque sofre com o pós, porque para e se dá um tempo. Sempre falta algo porque somos imperfeitos, porque somos inteiros buscando uma metade, porque esperamos mais dos outros do que de nós mesmos. Sempre vai faltar algo, porque estamos em constante mudança, e os outros também. Porque o que queremos hoje, pode não ser o que queremos amanhã, porque nem sempre sabemos o que queremos. Sempre vai faltar algo. 

Comentários

  1. Gostei desse texto. enquanto passava por uma das minhas crises diárias, acabei chegando aqui. sei lá o que estava pesando, só queria entender, porque não consigo ficar feliz, bem comigo mesmo ou simplesmente satisfeito. Já li em algum lugar que falar dos seus problemas ajuda a lidar melhor com eles, mesmo não tendo garantias disso, dá para tentar aqui. Bem, e para que todo esse suspense? Por que estou mal? Por que não consigo estabelecer relações pessoais. Não sei onde na minha estrada eu acabei me tornando tão solitário, ou onde isso se tornou causa de dor me mim. Hoje no ônibus fique ouvindo os outros conversarem, as brincadeiras, a intimidade. Tudo isso eu reconheço nos outros, e ate lembro de tem vivido algo assim no passado, mas hoje em dia conversando com outras pessoas, não sei emular bem. Na verdade é só isso que esta me faltando relações pessoais, estou sofrendo por estar sozinho. Porque fico tão triste quando estou no meio da multidão, se sempre me dei bem com a minha solidão?

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    1. Não sei se chegará um dia a ler essa resposta. Eu sou a dona do blog e infelizmente perdi a senha há um tempo, mas não deixo de vir e acompanhar o que eu escrevia por aqui. Eis que me deparo com sua resposta e me senti na obrigação de me pronunciar a respeito. Ao longo do tempo a sociedade vem transformando coisas comuns e sentimentos pessoais, em problemas, e talvez tenha sido isso o que acontece com a solidão e com a culpa que a gente sente em se sentir sozinho. Muitas pessoas enxergam a solidão por um viés ruim, como se fôssemos e devêssemos ser excluídos pelo simples fato de nos darmos bem conosco, por estarmos dispostos a aprender e a entender nossa própria existência. Ao longo de nossas relações interpessoais sempre vemos as pessoas colocando um peso muito grande nisso, comentários depreciativos do tipo "nossa, mas você gosta de ficar sozinho?" "você é muito estranho e egoísta em pensar assim" "você é antissocial" e coisas do gênero, o que acaba fazendo com que a gente se sinta obrigado a estar a todo momento em contato com as pessoas e estabelecendo relações que muitas vezes são vazias, porque surgem de uma obrigação, e não da livre vontade. A dificuldade e a cobrança se tornam ainda maiores quando a gente começa a se cobrar estar sempre em relações com os outros, e se sente impotente quando falha ou não ocorre da forma esperada. Nossa relação com a solidão muda, nossa relação com as pessoas muda, tudo começa a se modificar e a se deteriorar, porque infelizmente temos a mania de atribuir peso a coisas que deveriam ser naturais e acontecer por si só. A tristeza vem justamente das obrigações que nos impõem ou que nós mesmos nos impomos, porque na pratica é totalmente diferente, é falho e não é mecânico, não é padronizado. Às vezes a gente só precisa de um tempo para estar bem consigo mesmo antes de estar bem com as pessoas.

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