Sonâmbulos da solidão

     Há muito não posto um texto, um pensamento ou mesmo observação, tanto que perdi um pouco a mania pela escrita, não por não gostar, de maneira alguma, mas pela falta de hábito. Ah! Maldita preguiça, maldita socialização que nos impede de prosseguir, independentes, amargos e sozinhos. Confesso que ando meio distraída, talvez seja essa utopia, generalizando os pensamentos da sociedade em prol de torná-los um só. Manipulando as decisões mais extremas e menos prováveis. 
     Maldita seja a confusão que me rodeia, entrelaça meu corpo e minh'alma, que atordoada, obsecra socorro. 
     Eu ouço gritos de carros, e pelo monótono barulho dos copos, lá se vai mais uma bebida. Nós humanos, necessitados de amor e de todos esses outros sentimentos monopolizados; mas por falta de coragem, nos embriagamos. 
     Não ouço o bater dos corações, os olhares passam, assim como passa o vento, e nada vejo, e nada sinto. Meu estômago, nauseado, anseia por algo. Algo este tão improvável quanto meu amor, que ressoando à  primavera, nasce, no auge da aurora boreal, abandona; crucificada pela carência eterna. 
     E assim andarei, como os sonâmbulos, marchando pelo mundo, vítimas do sufoco, do comércio, da tristeza e da luxúria. Mas um dia tudo isso acaba, já que em meio a esse voo insólito, a esperança é a última que morre, mas morre.

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